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Boneca do tempo da mala armário (Célia Ribeiro)

É preciso reduzir guardados e coisas inúteis para reorganizar os armários e viver melhor. Este era o lema que eu seguia ao descobrir um pacotinho de algo cuidadosamente enrolado em algodão revestido de pelúcia. Desenrolei e lá estava uma bonequinha antiga, o corpo estragado, braços e pernas frouxas e restos de peruca colados na cabeça. Ela tinha franja, era loura, a carinha de porcelana ainda perfeita.

Diante da melancolia que me envolveu, lembrei o impacto daquele presente, recebido no dia do meu aniversário de seis anos, quando acordei com uma malinha vermelha ao lado da cama. “Abre, abre logo”, disse minha mãe. Era a réplica de uma mala-armário de Louis Vuitton para viagens de trem e de navio, refletindo um estilo de viajar até a era do avião. Só que a minha era vermelha, as roupinhas penduradas em minicabides. A boneca alemã poderia ser restaurada.

(…)

E a mala? Fui à Cartonaria (fone 51 3026-8861), e Angela Rosa de Souza desenvolveu a malinha-armário vermelha – modelo único –, com gaveta interna para sapatinhos e buquê do vestido de aia de casamento.

(…)

Durante aqueles dois meses fiz o enxoval de “viagem”. Foi uma ótima terapia, pois eu parecia reviver uma das boas lembranças da infância. Estabeleceu-se desde o início, a intimidade com a “alemãzinha” e pensei que ela na mala-armário seria da minha amiguinha Antonia.

Desliguei-me da boneca que deixou de ser um guardado inútil para renascer no brinquedo de mais uma menina.

Postado por Celia Ribeiro em às 12h00
https://revistadonna.clicrbs.com.br/coluna/celia-ribeiro-boneca-tempo-da-mala-armario/
1º foto: Antonia Boettcher brincando com a boneca junto da malinha-armário, estilo Louis Vuiton 1935 (Foto: Arquivo Pessoal)
2º foto: Malinha completa, com a boneca e as roupinhas.
3º foto: Malinha.